Líder ou Liderado

A liderança não é uma fase de desenvolvimento pessoal, nem uma capacidade que todos tenhamos obrigatoriamente que atingir. O ser líder depende muito dos objectivos de cada um e das condições que surgem. Nem todos podemos ser líderes, visto que o líder depende também da existência de um grupo que possa liderar. Se todos fossemos líderes, quem iríamos liderar? Acontece muitas vezes, termos na nossa vida, o papel de subordinado, em que estamos na posição mais baixa da relação vertical. Isto acontece, normalmente, na relação com os pais, com os professores, com pessoas mais velhas, etc. Será então, tão importante como o saber liderar, o saber ser liderado.

A liderança não é um processo unidireccional, que dependa unicamente da postura do líder. Há uma influência recíproca entre líder e liderados, há uma relação entre o estilo que o líder adopta para trabalhar com os colaboradores, que depende muito das características da personalidade de ambos, bem como factores ambientais, entre muitas outras variáveis.

È importante perceber que o estilo de liderança está bastante dependente da interacção entre liderados e líder. O grupo pode utilizar estratégias que levem à modificação do comportamento do líder. Através por exemplo, de boicotes ao trabalho ou manipulação de comportamentos com os colegas, ou da utilização de mau humor, pode provocar-se a alteração do estilo de liderança. Há uma reciprocidade entre líder e subordinados, em que os próprios liderados são influenciados pelo tipo de liderança, sendo que a eficácia do seu trabalho, bem como as relações interpessoais na equipa, dependem do estilo adaptado pelo líder. Assim, o líder influencia os liderados, bem como os liderados influenciam o líder.

Os liderados têm, também, uma postura específica, no modo como lidam com os colegas de trabalho. A relação com os pares acontece numa linha horizontal, de igual para igual, podendo promover o tipo de liderança a que o grupo se submete: colegas de trabalho em que predomine o mau humor, a crítica constante aos colegas e até o boicote ao trabalho, promoverão, com certeza uma chefia diferente da que lidera um bom ambiente laboral.

Nesta fase é importante alguma centração na postura e nas competências de ser liderado, visto que nas relações profissionais e na entrada no mercado de trabalho, raramente se começa por uma postura de chefia, mas antes por ter de obedecer às directrizes de um superior.

Assim, ao ser liderado deverá ter em atenção alguns aspectos:

  • Respeitar a posição hierárquica superior do líder, conforme o organigrama.
  • Cumprir as tarefas e funções, de modo responsável, sem se preocupar com as tarefas dos outros.
  • Tentar resolver pequenos conflitos que possam surgir, sem recorrer de imediato ao líder. Não esquecer que a disponibilidade do líder pode ser pouca para ter ainda que se preocupar com pequenos assuntos pessoais.
  • Ter uma ideia daquilo que os colegas e o líder pensam de si. Esta ideia deve ser o mais realista possível.
  • Participar activamente no trabalho de equipa, ser prestável e procurar ser criativo.
  • Reformular uma intenção ou sugestão, se não tiver aceitação pela maioria das pessoas.
  • Ser objectivo e claro no que quer dizer. O líder tem de dar atenção a si e aos outros. Não lhe roube muito tempo, não exija constantemente a atenção dele.
  • Ser receptivo à mudança. Se o líder considerar que é importante modificar alguns aspectos para melhorar o ambiente, é importante que encontre flexibilidade.
  • Questionar, sempre que tiver dúvidas que não consiga resolver por si próprio.
  • Ser assertivo e nunca agressivo, quer com os seus colegas, quer com o líder. Pode-se sempre manifestar uma opinião sem ofender os outros.
  • Estar disponível para novas aprendizagens. À medida que se vai subindo na carreira, é importante não perder a consciência de que ainda há muito para aprender. Como diria Newton, o que sabemos é uma gota de água no oceano: quanto mais se sabe, mais se sente que ainda há muito para aprender. É imprescindível a existência de motivação para fazer constantes aprendizagens ao longo da vida.
  • Aprender com os outros e, com os sucessos e os erros dos outros. Deste modo, para saber o que eles sabem, não têm que se cometer os erros que eles cometeram. “Embora a experiência possa ser importante, ela pode ser o pior dos professores: dá primeiro o exame e só depois a lição. Primeiro comete-se o erro e só depois se aprende com ele” (Almeida, 1996).
  • Não desistir perante as adversidades: todos têm que ultrapassar obstáculos e os nossos surgem-nos quase sempre como sendo os maiores. Contudo, o efeito dos obstáculos nas pessoas depende da atitude com que se enfrentam. Há sempre algo novo a retirar da experiência de derrubar uma dificuldade. Aumentam-se o auto conhecimento e muitas vezes até nos surpreendemos a nós mesmos. É importante retirar benefícios das adversidades, nem que sejam as aprendizagens realizadas.
  • Ser pró-activo: é essencial que a pessoa não se acomode às situações, procurando o desenvolvimento profissional que permita melhorar competências. Não ficar à espera que os outros valorizem o trabalho e que o reconheçam. Faz muito sentido que cada pessoa trabalhe com o objectivo de sentir auto-reconhecimento e valor profissional e pessoal.